A arte tem um poder silencioso, mas intenso. E quando essa arte é som, melodia e vibração, ela toca o corpo da pessoa com deficiência de um jeito particular. Mais que terapia, a música é possibilidade: de expressão, de encontro, de vida.

Muitas vezes, pessoas com deficiência não são vistas como protagonistas. A música devolve autoria. Traz ritmo ao dia, sentido à escuta e nome à presença. Atua no tônus, na linguagem, na memória, na coordenação. Une. Cura. Transforma.

Onde a terapia encontra o prazer

Movimento, som e emoção se encontram em oficinas de musicalização e sessões terapêuticas. Os ganhos são múltiplos: melhora das funções motoras, das habilidades cognitivas e da autoestima.

Mas o essencial não cabe em relatórios. Está no brilho de quem, com adaptações, toca um instrumento pela primeira vez ou compõe com um software acessível.

Teclados com teclas ampliadas, baquetas adaptadas, instrumentos de percussão que se tocam com os pés ou com o olhar. Onde antes havia barreira, surge ponte.

Personagens que fazem da música um caminho

Uma violinista com ossos frágeis adaptou o instrumento ao corpo e hoje toca com os pés. Outra, após perder os movimentos das pernas por uma doença rara, continuou compondo, gravou um disco autoral e se apresentou em festivais.

Essas histórias não falam de superação, mas de expressão. Falam da liberdade de dizer quem se é — em música.

A escola e a lei: música também é direito

Desde 2008, a música é obrigatória na educação básica. Mas a inclusão musical ainda engatinha. Iniciativas como a da APAE de Salgueiro (PE), que integra música ao cuidado, mostram que é possível.

Como diz o neurocientista Daniel Levitin, “a música mobiliza quase todas as regiões do cérebro”. Se há som, há rede. Se há rede, há vida.

Musicalizar não é ensinar teoria musical. É ensinar o mundo a escutar — com afeto e sem barreiras.
A música, quando feita com e para pessoas com deficiência, não precisa de partitura: precisa de respeito e espaço para que cada corpo encontre seu compasso.

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